Ecos do Silêncio — Textos Zen
Keizan Jôkin
Um galho cresce sobre a velha macieira;
Espinhos vêm ao mesmo tempo.
Saiba que nos recessos remotos do vale
nevoento
Há um outro pinheiro sagrado que atravessa o frio do inverno.
As videiras murchas, as árvores caídas,
As montanhas esmigalhadas
O rio do vale cresce em uma torrente,
Faíscas saem da pedra.
O rio sem fonte sobre uma montanha a milhas
de altura
Rochas que perfuram, nuvens que varrem, ele surge.
Nuvens espalhadas enviando flores que voam em profusão,
O comprimento da seda branca é absolutamente livre de poeira.
A casa quebrada, as pessoas se foram,
nem dentro nem fora,
Onde o corpo e a mente esconderam suas formas?
Quando você atingir a medula, saiba
que o atingimento é claro;
Um adepto ainda tem uma sutileza incomunicável.
Apesar de haver a pureza das águas
de outono,
Estendendo-se ao horizonte,
Como isso se compara com a nebulosidade
Da lua de uma noite de primavera?
A maioria das pessoas quer a pureza clara,
Mas, apesar de você limpar e limpar,
A mente ainda não está esvaziada.
Se as argolas de sino da manhã gelada
tocarem quando forem agitadas,
Você nunca precisará de um pote vazio aqui.
Nem Manjushri e Vimalakirti não
poderiam falar sobre isso,
Nem Maudgalyayana e Shariputra não poderiam ver isso.
Se as pessoas quiserem entender o significado por si mesmas,
Quando o sabor do sal seria desapropriado?
Não diga que as palavras e o silêncio
Tocam o remoto e sutil;
Como poderia haver sentidos materiais
Que maculassem a essência inerente?
Virando, virando quantas páginas
de escrituras?
Revolvendo, revolvendo quantos pergaminhos?
Morrendo aqui, nascendo aqui
Divisões de capítulo e verso.
Minha mente não é os buddhas
e nem você;
Ir e vir têm estado aqui por todo o tempo.
O vermelho da vila não é
conhecido pelas flores do pessegueiro,
Mas elas fizeram um antigo mestre Zen alcançar a certeza.
Mesmo se as enormes ondas inundarem os céus,
Quando a água do oceano puro mudou?
A luz solitária, o espaço
consciente, é sempre livre da escuridão;
A jóia que realiza desejos distribui sua irradiação brilhante.
Uma agulha isca todas as águas
do oceano;
Aonde quer que vá, o dragão feroz dificilmente pode esconder seu
corpo.
Que pena que o olho do Caminho não
é claro
Perdendo-se, recompensando os outros, sua retribuição não
é terminada.
Os conhecimentos mentais transformam-se
livremente de acordo com as características mentais;
Agora, quantas vezes o "eu" dos "eus" mudou de face?
A mente silenciosa tocando ecos nos dez mil
caminhos;
Sanghanandi, Jayashata, assim como o vento e os repiques.
Empurrando o corpo das vidas passadas
bloqueado pela experiência,
Agora ele encontra o mesmo velho seguidor.
A árvore canforeira, como sempre,
cresce até o céu;
Os galhos e folhas, raízes e tronco, florescem além das nuvens.
O vento atravessa o vasto céu,
Nuvens emergem das montanhas;
Os sentimentos de iluminação e as coisas do mundo
Não são de qualquer preocupação.
O espírito da vacuidade não
está dentro ou fora;
Ver, ouvir, som e forma, todos são vazios.
Um muro pulverizado varando as nuvens
Neve sobre sólidos penhascos.
A pureza absoluta sem uma única mancha
É diferente do céu azul.
Se você quiser revelar o vazio, não
o cubra;
Totalmente vazio, puro e pacífico, ele é originalmente claro.
Flores desabrochando, folhas caindo, quando
elas se mostram diretamente,
A árvore medicinal fundamentalmente não tem um sabor diferente.
O solo original é plano, sem um
folha de grama
Onde o ensinamento Zen pode fazer um arranjo?
A luz da lua refletida nas profundezas da lagoa é brilhante no céu,
A água fluindo para o horizonte é totalmente clara e pura.
Peneirando e puxando mais e mais, mesmo se você souber que ela existe,
Ilimitada e clara, ela se transforma para ser completamente inefável.
Não há mais localização,
não há limites, não há exterior
Há alguma coisa, mesmo a menor?
Vazio porém radiantemente brilhante,
o pensamento condicionado terminou,
Perspicaz, consciente, sempre aberto e claro.
A vacuidade essencial não tem interior
ou exterior
O pecado e a virtude não deixam rastros lá.
A mente e o Buddha são fundamentalmente assim;
O Dharma e a Sangha são claros.
Quando a mente está vazia, o conhecimento
puro não tem certo ou errado;
Aqui não sei o que há para segurar ou libertar.
Mesmo se você distinguir os elementos do corpo e mente,
Ver, ouvir, som e forma, não são definitivamente um outro.
A lua brilhante, a água pura, o
céu claro do outono;
Como poderia uma mancha de nuvem marcar esta grande claridade?
Batendo o morteiro o som é
alto, além do céu;
Peneirando nas nuvens a lua brilhante é clara na profundidade da
noite.
Indo e vindo sobre o caminho do pássaro,
não há pegadas
Como você pode procurar pelos estágios na estrada mística?
De uma vez ele surge infinitamente
Nunca se agarrou a qualquer coisa além dele.
Aquele que é sempre vivo
Nós o chamamos de aquele que levanta as sobrancelhas, que pisca os olhos.
Sem se mover, o bote solitário
Veleja na luz da lua;
Quando você olha ao redor, os juncos sobre o antigo recife
Nunca se moveram.
Extremamente sutil, a consciência
mística não é o apego mental;
Todo o tempo a faz ensinar profusamente.
Nunca teve nome ou forma
Que transcendência ou iminência há para se falar?
Com mãos vazias procurando as próprias
mãos,
Voltando de mãos vazias;
Onde fundamentalmente não há atingimento,
Depois de tudo se atinge.
A lua da mente e a flor do olho têm
uma fina cor brilhante
Abrindo-se além do tempo, quem está lá para desfrutá-las?
A água é clara até
as suas profundezas;
Brilha sem precisar sem polida.
O espelho redondo pendurado no alto claramente
reflete tudo;
Tintas coloridas, em toda a sua beleza, não podem representá-lo
completamente.
Uma montanha íngreme a milhas de
altura os pássaros dificilmente podem cruzá-la;
Quem pode andar sobre o fino gelo ou sobre a lâmina da espada?
Mesmo sem ruge, a feiúra não pode
se mostrar
Naturalmente amável, a radiância lustrosa e o pó de jade.
O vento puro circulando pode agitar a terra,
Mas quem irá pegá-lo e mostrá-lo para você?
O antigo rio, a fria primavera ninguém
olha.
Não permite que os viajantes digam o quão profundo é.
É apenas como cunhas acima e abaixo
Você não pode empurrá-las para dentro ou puxá-las para fora.
Podemos chamá-lo de indestrutível
corpo imanente.
Esse corpo é vazio, claro e luminoso.
A brisa do caminho, soprando longe,
É mais dura que o diamante;
A terra inteira é suportada por ela.
Clara como a luz pura, sem dentro nem fora
Há algum corpo ou mente para ser dividido?
O espaço nunca admitiu nem mesmo
uma agulha;
Na vastidão, nada há sobre o que confiar,
Então, quem há para discuti-la?
Não diga que um cabelo vai através de uma miríade de furos
O solo nu e limpo não tem uma única pegada.
Keizan Jôkin (1268-1325)