Ecos do Silêncio — Textos Zen
Giovanni Kakugen
O texto abaixo foi desenvolvido por um discípulo leigo do mestre Zen Moriylama Roshi com o propósito de ser uma apresentação sistemática dos principais ensinamentos do Buddha, para servir de base para conversas do Dharma e posterior aperfeiçoamento por parte dos praticantes. Esperamos que o presente texto auxilie o leitor na compreensão e no estudo dos ensinamentos buddhistas. Referências Bibliográficas: "A Essência dos Ensinamentos de Buddha" (do Thich Nhât Hanh); "Textos budistas e Zen-budistas" (do Ricardo Mário Gonçalves).
Cada um dos aspectos do Caminho contém os outros sete. Os itens 1 e 2 correspondem à Sabedoria; os itens 3, 4, 5 à Ética; e os itens 6, 7, 8 à Meditação. Os oito aspectos do Caminho estão interligados – cada um contém os outros sete.
Impermanência. Todas as coisas são impermanentes. Tudo muda o tempo todo sem parar. Nada é igual nem por um instante. Nada é estável. Um minuto atrás, nós éramos diferentes tanto física quanto mentalmente. O que nos faz sofrer não é a impermanência em si, mas o nosso desejo de que as coisas sejam permanentes enquanto elas não o são. Impermanência é movimento, é vida. As coisas só existem na sua forma e cor presentes.
Vazio (ou Não-eu). Nada que existe tem existência em si mesmo, separada e independente. Cada coisa precisa estar ligada com todo o universo para poder existir. Cada coisa é uma junção de elementos que não são ela mesma. Não existe nada que é separado do resto, que possa existir de forma independente e definitiva. Todas as ondas (fenômenos) pertencem ao mesmo oceano (unidade, totalidade, verdade) da Vida.
Interdependência. Nada pode existir por si só. Tudo é criado por várias condições, e todos os fenômenos estão interrelacionados. É a Unicidade. Quem compreende profundamente esta verdade pratica a compaixão, pois vê que é um com tudo o que existe. Tal pessoa compreende um segredo da vida: que a felicidade só pode ser encontrada na compaixão e no altruísmo, e que seguir os nossos desejos egoístas só nos traz sofrimento e perturbação. A interdependência pode ser resumida no seguinte ensinamento do Buddha: "Vos ensinarei o Dharma: se isso existe, aquilo vem à existência; do surgir disso, surge aquilo; se isso não existe, aquilo não vem à existência; da cessação disto, aquilo cessa".
Samsara. Todos os seres estão sujeitos à roda do nascimento e da morte sucessivos. O Buddhhismo acredita em reencarnação: as energias kármicas geradas por nossas ações boas e más fazem com que a nossa consciência busque novos corpos para ter novas experiências. Samsara muitas vezes é usado como sinônimo de sofrimento.
Karma. É a lei de causa e efeito. Construímos karma através das nossas ações de corpo, da fala e da mente. As ações virtuosas geram bons resultados e felicidade; as ações não-virtuosas geram más condições e sofrimento. A retribuição kármica se dá em três etapas do tempo: nessa mesma vida, na próxima vida, em vidas posteriores.
Nirvana. Nirvana é a Liberdade Incondicionada. É a liberação total do sofrimento, um estado de paz inabalável e de indescritível felicidade. É um estado além de todos os conceitos.
As Três Práticas: Ética; Meditação; Sabedoria.
Os Cinco Desejos Básicos: comida/bebida; sono; sexo;
riquezas; fama.
Os Três Tesouros: Buddha: O ser iluminado, ou o Absoluto; Dharma: os
ensinamentos, o Caminho; Sangha: a comunidade de praticantes.
Os Cinco Preceitos: 1. Não matar; 2. Não roubar; 3. Não mentir; 4. Não ter conduta sexual imprópria; 5. Não lidar com intoxicantes. Não seguir os preceitos não é "pecado"; é, simplesmente, ignorância. "Enquanto a má ação está verde, o perverso nela se satisfaz; mas, uma vez amadurecida, ela lhe traz frutos amargos." – Dhammapada, 119.
As Duas Verdades: É a verdade absoluta e a relativa. Em
termos relativos, é preciso praticar para extinguir o sofrimento; em termos
absolutos, não há sofrimento, nem caminho, nem realização – a onda já é a água.
Absoluto e relativo se encaixam perfeitamente, e as duas verdades se
complementam. Devemos viver em contato tanto com o absoluto quanto com o
relativo.
As três qualidades são uma só. Estão profundamente interrelacionadas.
Os Cinco Agregados não são sofrimento em si, mas produzem sofrimento ao nos apegarmos a eles.
As seis perfeições, ou paramitas são, em última análise, uma só.
Buddha disse que, praticando a Atenção Plena, os Sete Fatores do Despertar se fazem presentes.